Goiás - GO - Patrimônio Histórico da Humanidade

A Cidade de Goiás recebeu no mês de dezembro de 2001, em Helsinque, na Finlândia, o título de Patrimônio Histórico da Humanidade. Referendado pela Unesco em junho, o reconhecimento legitima a história da conquista do oeste brasileiro que, no caso, começou com o massacre dos índios goiases, passou pelo garimpo de ouro e a instalação da escravidão negra, espalhou-se ao estilo colonial, continuou como capital e terminou, quando deixou de sê-la, no esquecimento - esquecimento que, ironicamente, a preservaria o suficiente para ser de novo lembrada, mas, agora, não mais só pelos goianos, mas por ser para toda a humanidade, um Patrimônio Histórico.

O título faz jus a essa história e também à arquitetura, à cultura e à memória da cidade, o primeiro núcleo urbano fundado no território goiano, no início do século 18. Ali, entre becos, casarões coloniais e quintais-pomares, entre igrejas, procissões e santos barrocos, entre empadões e alfenins (e querubins e serafins!) está escrita a história goiana-brasileira e a história de todos os seus fabulosos, violentos ou doces personagens.

A velha Vila Boa de Goyáz, também conhecida como “Goiás Velho”.
Patrimônio Mundial, a Cidade de Goiás é uma das mais belas e importantes cidades históricas do centro-oeste brasileiro. Em suas ruas e becos estão exemplos de uma arquitetura ímpar vinda do século XVIII. Nas suas igrejas, traços do barroco singelo e de imagens sacras, concebidas pelo santeiro goiano José Joaquim de Veiga Valle, que tem a maioria de suas peças exposta no museu de arte sacra da Boa Morte. Adentrar em Goiás é sentir a hospitalidade goiana, é andar pelas ruas e reviver um tempo que salta aos olhos a cada segundo, é descobrir uma história que está por trás de suas janelas e suas portas.

É descobrir o Museu das Bandeiras, que reúne documentos e objetos que evocam toda a história das entradas e bandeiras no sertão goiano, é entrar no Palácio Conde dos Arcos, residência oficial dos governadores, é caminhar distraidamente e parar em frente a Casa Velha da Ponte “Barco centenário encravado no Rio Vermelho”, e conhecer a história da poetisa “Cora Coralina” a Aninha, que encantou Carlos Drummond de Andrade.

É se deslumbrar com as pinturas feitas em areia, tendo como pincel os dedos de Goiandira do Couto. É perscrutar o silêncio das madrugadas e apreciar o entardecer da centenária igrejinha de Santa Barbara. É percorrer as trilhas e banhar nas águas cristalinas do rio Bagagem, Sota, Poço Rico, Carioca, Santo Antônio. É desbravar as serras que emolduram a cidade, é caminhar pela Serra Dourada e descobrir o areal, a flora, as formações rochosas, que formam figuras interessantes.

Enfim, venha descobrir esse patrimônio cultural e natural em suas múltiplas dimensões, compartilhar da sabedoria anunciada por Marco Pólo, convertido em personagem por Italo Calvino: “De uma cidade, não aproveitamos as sete ou setenta e sete maravilhas, mas a resposta que dá a nossas perguntas”.

Ali, às margens do Rio Vermelho e nas bordas da Serra Dourada, juntam-se através dos tempos o bandeirante Bartolomeu Bueno da Silva, o Anhanguera, fundador da cidade; o nobre Conde dos Arcos; o escultor Veiga Valle; o escritor Hugo de Carvalho Ramos; a folclorista Regina Lacerda; e a poetisa e doceira Cora Coralina. São histórias fantásticas que convergem para uma só, agora premiadas pelo seu conjunto.