Hospital São Pedro D'Alcântara na Cidade de Goiás

Faça uma viagem pelo tempo desde o século XIX, quando surgiu o Hospital de Caridade São Pedro Alcântara, o primeiro hospital de Goiás.

Durante muito tempo Goiás viveu sem hospitais e com poucos médicos. O primeiro, inaugurado em 1826, na Cidade de Goiás, era o Hospital de Caridade São Pedro Alcântara. Mesmo com ele, a situação era muito precária para a saúde, mas nada fez tão bem para a medicina goiana quanto o local, onde os médicos não tinham salário fixo.

O prédio custou dois contos de réis, dinheiro arrecadado pelos religiosos entre a população. Ou seja, o primeiro hospital nasceu da esmola do povo e não teve pudor em instalar na porta de entrada uma caixinha para receber mais donativos. Possuía apenas 24 leitos, que podiam chegar a 30, divididos meio a meio para homens e mulheres em alas separadas. Seis enfermeiras assistiam aos internados e em 1835 uma casa anexa servia para os pacientes menos graves. Pacientes com lepra, elefantíase e feridas abertas eram tratados separadamente. Mesmo passando mal, o paciente só era admitido se antes passasse por um padre, confessasse e comungasse.

Em 1837, o governo comprou um sítio para abrigar quem tivesse doenças contagiosas. No ano seguinte ele funcionava e podia ser considerado a segunda casa de saúde do estado: o Hospital dos Lázaros. Mas o edifício era um entulho de construção, um amontoado de restos de cimento e tijolos. Não havia distinção entre os sexos e os pacientes só ficavam lá por absoluta falta de ter para onde ir. Começaram a chegar em Goiás outros doentes, atraídos pela notícia de que podiam ser tratados por profissionais que realmente estudaram medicina.

Enquanto a medicina do estado ia entrando vagarosamente nos eixos, uma tragédia se abateu sobre o São Pedro Alcântara. No dia 19 de fevereiro de 1839, de uma hora para outra, depois de uma grande tempestade, como sempre acontece com o Rio Vermelho, uma enchente fez desaparecer as pontes debaixo do aguaceiro. Não demorou e a água chegou ao hospital. Com violência derrubou os muros, algumas paredes, entrou nas salas, na enfermaria, atingiu macas e doentes, alguns nem conseguiam andar. Em poucos minutos parecia que o São Pedro Alcântara fora bombardeado.

Paralelamente, em 1872, em Luziânia, já existia um hospital, o de Caridade São Sebastião. Como tudo no século XIX, era bastante acanhado, com apenas dois compartimentos, para homens e mulheres, uma enfermaria para doenças contagiosas e outra para os outros tipos de enfermidades.

Em 1908, também na Cidade de Goiás, foi inaugurado outra unidade de saúde, o Asilo São Vicente de Paula, que tratava de deficientes mentais. E as doenças continuavam campeando soltas: malária, chagas, varíola, doenças venéreas, lepra, úlceras e bócio (este seguia atacando famílias inteiras).